sábado, 21 de junho de 2008

"SÓ estou olhando..."

Aquela calça era um marco em sua breve existência. E lá estavam os dois, frente a frente, apenas um vidro o separava de sua realização como pessoa. Ele estava parado em frente a vitrine há alguns minutos e a mocinha que chegou até ele para perguntar se “podia ajudar” o olhava novamente de dentro da loja.
Ela insistiu para entrar, mas ele respondeu secamente que estava apenas olhando, mas mesmo assim ela olhava para ele com um sorriso no rosto. Sua mãe nunca aceitaria, com certeza viria como discurso de como a vida não é fácil e coisas do gênero, mas ela não entendia! Afinal foi ela que comprou todas as calças que ele usou durante sua vida, era dela a culpa dele não ser um cara descolado. Mas isto iria mudar.
Pensava sobre como iria falar para ela onde o salário do mês foi gasto, não via solução. mas estava decidido: aquela calça seria sua. Até um tempo atrás ele não sabia como o mundo funcionava, como foi tolo. Via os caras da escola sorrindo em um canto com seus celulares e roupas diferentes e isto o motivou a escolher algumas roupas na última vez que foi com sua mãe as compras. Ela estranhou ele querendo as roupas um pouco mais caras do que as de costume, mas aceitou.
Chegando no colégio foi até a galera e eles não deram muita bola. Quando perguntou a um dos meninos no intervalo ele recebeu a resposta: vc não tem estilo e ainda usa estas imitações. Agora ele entendia! Pesquisou e em algumas revistas soube o que era interessante ter e nesta lista estava “a calça”.
E ali estava na frente da vitrine, a calça não era muito diferente das que sua mãe comprava a primeira vista, mas aquele pedaço de tecido não era aperas uma calça, era diferente, era o passaporte para sua nova vida.
E a vendedora continuava olhando para ele através daquele vidro.

domingo, 1 de junho de 2008

Eu versus Eu!

Ai está a grande batalha, a luta diária. Uma luta sem vencedores, mas sempre com um perdedor. A grande farsa está diante de seus olhos quando você olha de manhã para o espelho ao escovar os dentes. A cada movimento da escova, a cada vez que infla seus pulmões com ar esta a farsa aumenta. Apesar de parecer que estou te atacando com este texto, acredite, o ataque é contra o superego, esta “coisa” que se tornou a “realidade” de todos.

Muitos dizem que não assim, que são autênticos, mas a cada momento as pessoas vivem pensando no que todos a sua volta irão pensar. Apesar que, tais sentimentos auxiliam muito na vida em sociedade, mas isto leva a pensar: conhecemos alguém?? nos conhecemos??

Ás vezes é difícil assumir, mas todos temos uma porção de Jack e de Tyler, só não sabemos qual priorizar na maior parte do tempo.
Tentamos viver entre o eu privado e o eu público em uma dualidade entre auto-imagem independente e interdependente uma eterna luta onde nem nós sabemos o que priorizar. Cada um de nós constrói sua “auto-imagem residual” para apresentar ao mundo. Esta nem sempre está próxima da realidade.

Desde o cara que é submisso no dia a dia e se torna um líder no futebol de final de semana ao executivo que se torna um motoqueiro, todos temos isto e creio que se bem administrado pode ser algo muito bom para a vida de cada um.

Estou tentando apontar soluções? Quem sou eu!!! estou bem longe desta intenção. Tento apenas incitar a discussão interna entre “nossos eus” para que cada um tente pesar os dois lados e ver o que é melhor para sua vida. Mas creio que no fundo isto é uma grande briga com meu superego , um dizendo pra mandar tudo a merda e o outro dizendo que “temos” que tentar nos comunicar com o mundo, fazendo um texto interessante com citações de filmes e alguns links pescados na net via google, o grande oráculo mundial. Um lado achou razoável e o outro achou tudo isto sem o menor sentido e nenhum dos dois lados acha que ganhou alguma coisa com isto.

O que acabei pensando com a reflexão proposta é que podemos viver dentro ou fora do barril, cada um escolhe o melhor.