terça-feira, 14 de outubro de 2008

cara a cara

Já tinham se passado alguns segundos e ainda estavam frente a frente, cara a cara! ambos com cara de enfezados, ambos prontos para as vias de fato. Ele não entendia ainda como chegou em tal situação. Passando pela rua resolveu fazer uma graça perante seus amigos falando algumas bobagens para um morador de rua e este respondeu à altura, aliás, respondeu com um vocabulário extremamente rico que ainda ecoava em sua mente. Como aquele maltrapilho poderia ter dito tudo aquilo a seu respeito? Quem é ele? Não era um décimo do que nosso personagem achava ser. Ele com certeza não teve acesso a uma escola de nível, ele não deveria conhecer 3 idiomas, ele não tinha um carro esportivo tão belo e caro quanto o seu. Ele era um mendingo!
E seus amigos estavam a sua volta ansiosos pelo combate, apenas a Dani estava chocada.. logo ela!
E a menos de 30 cm da cara do mal vestido e fedoreto opositor ele continuava, olhando no fundo dos olhos dele. Ainda não entendia como aquela pessoa conseguira ler sua alma vazia tão a fundo. Tudo o que dissera era real, ele se sentia mal ao lembrar de tudo.. um certo enjoô tomou conta de seu estomago. Mas deveria ser pelo mal cheiro! Neste momento ele ate entendia os jovens de outras cidades que ateavam fogo em moradores de rua, ele pensou na frase: "eles estão desinfetando a cidade!! Isto sim!!"
Depois de vagar um pouco sua mente volta o foco para a situação. E lá estava frente a frente.
Ele percebe um movimento no rosto do morador de rua.. Ele iria falar algo, com certeza seria uma rendição! O inimigo deve ter reparado em seu corpo malhado que ele fazia musculação e artes marciais. Iria se render a superioridade!
Neste momento palavras sae da boca do seu inimigo.. e estas ecoam até o momento em sua cabeça, o que ele falou ao dando um passo em sua direção: "Você é um bosta!!". Concordando com a declaração: desistiu da luta.

nada de novo (novamente)

"Sem nada novo a dizer volto a cena"... Começo o texto citando uma letra de música.. minha! Auto-promoção? Marketing pessoal?? Fome de fama??
Quem sabe... as coisas andam tão confusas que as vezes até nós mesmos nos enganamos. Seja furando uma dieta, se auto-destruindo, colocando tudo a perder por um acesso de raiva... O que acontece é que as vezes nem nós sabemos nossa real intenção. Quanto mais a alheia.
O melhor a fazer é viver. Sem se preocupar com os demais.
Mas a citação inicial me veio a mente por descrever bem o momento: fome de comunicação X falta de pauta. O engraçado que a falta de pauta não é um problema exclusivo deste que vos escreve, está presente na matéria jornalística igual a de outra mídia ou até mesmo no papo de fila de banco. Tudo se repete e tudo insiste em não informar.
E minha fome de informar me motiva a mandar pro ar este punhado de palavras que tento organizar para formar frases coerentes. Que muitas vezes insistem não ser muito coerentes, mas é a tentativa.
A fome de comunicar me faz tentar fazer algo que não é de minha alçada, música. A fome de informar me faz falar um pouco além da conta. Mas tenho que informar, mesmo sem muito o que acrescentar. Não sei o que me leva a ser este "ser informacional", que cita versos desconhecidos. O interessante é que mesmo sabendo que ouvirei apenas o eco do que estou tentando dizer, eu continuo escrevendo... palavras soltas vagando por um mar de desinformação.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Liberdade!!!

O vento era como ele esperava! Apesar de alguns insetos batendo na viseira do capacete de tempos em tempos, era exatamente esta sensação de liberdade que ele esperava ter quando mandou tudo a merda. Chefe, amigos de trabalho, namorada... Tudo!
E com as economias para o casamento, ele comprou a moto de seus sonhos. E agora estrada!! liberdade!!! (e insetos... como tem bicho no caminho da liberdade...)
Nunca tinha andado muito de moto, mas tinha sua habilitação e o tal espírito de liberdade. O espírito andava meio adormecido, mas como uma fênix ele resurgiu em uma crise de raiva. Sua vida foi caminhando para um caminho que não o agradava, mas como ela foi mudando em doses homeopáticas, ele foi engolindo.. Até chegar num ponto insuportável.
Agora precisava se concentrar na sensação de liberdade! Aquele sol!! o vento!!! Estava a caminho da praia, não sabia de qual praia, mas estava na direção do mar... Chegando na primeira cidade com praia ele ira pernoitar, talvez ficar uns dias.. Conhecer umas pessoas do sexo oposto.. Liberdade!!!
Já tinha andado mais de 300 km.. Algumas pequenas paradas para água, esticar as pernas e “tirar água do joelho”... E lá estava nosso personagem central! Sem destino a caminho da viagem de sua vida. Neste momento começou a sentir a perna formigando. Uma leve sensação de caimbra. Mas isto não era nada perto da liberdade!! Um pequeno tormento que nem deveria ser considerado! O que são uns insetos e uma “caimbrazinha” de nada se comparados a liberdade (caraca.. mas como tem inseto.. ).
Alguns quilometros depois nem sentia a tal caimbra, aliás, não sentia a perna esquerda. Assim como sua bunda que estava totalmente adormecida. E ele tentava achar uma posição que desse menos dor nas costas, pois esta começava a incomodar. Ele chegou a cogitar a idéia de que não foi uma boa idéia dar o carro e todas suas economias na moto, mas balançou a cabeça negativamente para espantar esta idéia idiota de sua mente.
Estava em meio a liberdade tendo idéias tolas! Isto era o sistema ao qual ele se submeteu tentando acabar com seus novos ideais... Ele estava acostumado a andar de carro o tempo todo. Era um pequeno burguês!! Foi o pensamento que teve antes de falar em voz alta que isto era o passado. Ninguém ouviu seu grito, mas como foi bom gritar aquilo “Isto é o passado!!” repetiu mais uma vez.
Depois de ter dito isto acelerou ainda mais!! Foi quando passou por um radar de velocidade e voltou a falar sozinho, mas desta vez foi apenas uma palavra: “Caralho!!!!” Depois de alguns kilometros e xingamentos ele começou a pensar e chegou a conclusão que estes radares não “pegam” motos. Ficou mais tranquilo. Só não totalmente tranquilo devido as dores nas costas e a perna direita que imitando a esquerda resolveu adormecer também.
Mas.. era livre!! Tinha o vento na cara!! Aliás, com o capacete ele não tinha o vento exatamente na cara.. Resolveu abrir a viseira do capacete para desfrutar desta liberdade, O fez e sorriu... com era bom!! O sol.. o vento.. os insetos.. (!?) “Insetos!??? Caraio!!! Que merda de insetos!!” Foi o que se passou por sua cabeça no momento que dois pequenos besouros passaram por sua garganta, ato que foi copiado por mais alguns insetos. Quase desequilibrou e caiu da moto ao tossir para devolver os insetos para o mundo.Parou no acostamento tossindo e expelindo insetos. 
Do seu lado estava uma placa: “litoral 400 km”. Olhou para o céu, pensou na vida e depois olhou para a estrada, para os 397 km pelos quais tinha percorrido com sua moto dos sonhos.